Campanha da ATP em 2016 apostava em uma nova geração para suceder os gigantes — mas será que eles corresponderam?
Em 2016, o tênis vivia um domínio absoluto de Novak Djokovic, e muitos já se perguntavam quem poderia suceder o sérvio e seus rivais da era dourada. Foi nesse cenário que nasceu a campanha #NextGen, lançada pela ATP para promover 14 jovens talentos que prometiam ser os novos protagonistas do circuito na década seguinte. Dez anos se passaram, e agora é hora de rever esse elenco promissor e avaliar: quem chegou lá, quem ficou pelo caminho e quem ainda pode surpreender.
De promessas a incógnitas: os caminhos divergentes da #NextGen
Entre os nomes da campanha original, poucos conseguiram se manter entre os grandes. Um caso emblemático é o do britânico Kyle Edmund, que surgiu como sucessor natural de Andy Murray, especialmente após sua semifinal no Australian Open de 2018 e participação na conquista da Copa Davis em 2015. Com uma direita potente e postura fria em quadra, ele chegou ao top 15 e conquistou dois títulos — em Antuérpia (2018) e Nova York (2020). No entanto, as lesões e a oscilação de confiança cobraram caro. Atualmente, aos 30 anos, ocupa apenas a 478ª posição no ranking e vive um momento distante da elite. Ainda há tempo para uma recuperação, mas o cenário não é otimista.
Já o russo Karen Khachanov teve uma trajetória mais sólida. Atual número 21 do mundo, ele já foi top 10 em 2019 e coleciona sete títulos na carreira, incluindo um Masters 1000 (Paris-Bercy, 2018). Além disso, foi semifinalista em Grand Slams, medalhista olímpico em Tóquio 2020 e parte do time campeão da Rússia na Copa Davis 2021. Discreto fora das quadras e pouco midiático, Khachanov nunca foi o mais celebrado da geração, mas seus resultados o mantêm entre os nomes mais consistentes dos últimos anos. Pode não ter virado um fenômeno global, mas construiu uma carreira respeitável e ainda tem lenha para queimar.
Expectativa x realidade: o peso de carregar o futuro do tênis
A ideia da campanha #NextGen era clara: preparar o público para uma nova era pós-Federer, Nadal e Djokovic. Mas como toda projeção a longo prazo, nem todos os planos saíram conforme o roteiro. A transição para o topo do ranking exigiu mais do que talento: envolveu resistência física, inteligência emocional e a difícil tarefa de lidar com expectativas precoces.
Alguns nomes da primeira leva sumiram do radar. Outros ainda tentam se firmar em um circuito que, ao invés de se abrir com a saída dos veteranos, viu novos gigantes como Carlos Alcaraz e Jannik Sinner ocuparem esse espaço com autoridade. A nova geração da nova geração já chegou — e a antiga #NextGen agora tenta não ser esquecida.
No fim das contas, a história mostra que não basta ser promissor. É preciso resistir, reinventar-se e, principalmente, entregar em alto nível com regularidade. E essa, definitivamente, é a parte mais difícil do jogo.